domingo, 6 de abril de 2008

[Acervo de Colunas] Unificação?

Coluna do Gucesar: Unificação?
Fórum Tabelando - 19/02/08, 10:40 PM



Há um certo tempo, estourou na América uma proposta de Tony George por uma "unificação" entre Champ Car e IRL: Ele daria o equipamento técnico da IRL (Chassis Dallara e motores Honda) de graça a todos os times da Champ Car que se dispussesem a vir para lá. Em troca, o senhor que começou com esse besteirol colocaria 5 provas da Champ Car no calendário 2008 da IRL (Long Beach, Toronto, Edmonton, Cidade do México e Surfers Paradise). Muitos da imprensa americana falaram que isso era o que faltava para o open wheel americano voltar aos bons tempos. Porém, os mais atentos logo notaram que não se trata de uma proposta de unificação e sim de uma oferta de compra da IRL pela Champ Car (A Champ Car e a IRL têm pouco dinheiro).

Logo o tempo passou e mais algumas notícias de pouca relevância do ponto de vista da verdade surgiram, vários artigos criticando os donos da Champ Car (Kevin Kalkoven, Gerald Forsythe e Paul Gentillozi) por não aceitarem a proposta. Tudo não passa de uma estratégia da imprensa do meio-oeste americano, totalmente fiel a trupe de Tony George e raivosa em relação a Champ Car. Tudo porque os donos da Champ Car seguem um modo de automobilismo que eles consideram inaceitável: Focado em circuitos mistos, contra a maioria de ovais regente na IRL. Ainda entra nisso tudo um preconceito contra Kalkoven por ele ser australiano. Logo, a imprensa fez pressão de vários pontos para a proposta ser aceita.

Aí Robin Miller (Reconhecido "jornalista" fiel a Tony George e sua trupe) soltou a notícia de que amanhã a unificação será anunciada. Porém, NADA até agora foi divulgado do pacote técnico, categorias de base, etc. e tal.

Se for uma unificação para 2008, será uma unificação "à brasileira": Feita nas coxas, sem nenhum planejamento decente. E isso soterrará a Champ Car e seus ideais de ser uma categoria mundial (Diferente da IRL, que só corre no Japão por pressão da Honda, a Champ Car faz várias corridas fora dos EUA, com provas no Canadá, Bélgica, Holanda, Espanha, Austrália e México). Caso isso ocorra, não será uma unificação, e sim uma extensão da IRL. Para se ter uma idéia da divergência entre elas: Os chassis Dallara da IRL são todos antiquados, inseguros e com conceitos aerodinâmicos rídiculos (O downforce excessivo deles faz com que a pilotagem seja nivelada por baixo). Já os novos chassis Panoz da Champ Car são mais modernos (Obviamente, foram desenvolvidos ano passado com Roberto Moreno ao volante) e bem seguros (Não posso falar da aerodinâmica porque não conheço nada a respeito dela no DP01, mas deve ser melhor que o dos Dallara, já que alguns conceitos da F1, como o bico tubarão, foram copiados). No fim do ano passado, um teste ocorreu em Homestead entre a equipe PKV da Champ Car e a Andretti-Green da IRL. O Panoz DP01 da PKV foi, em média, 3 segundos mais rápido que os carros da Andretti Green.

Enqüanto o papo da unificação ocorria, as equipes da Champ Car aproveitavam para anunciar seus pilotos para a temporada 2008 (Caso ocorra): A Rocketsports, mesma equipe que já correu Antônio Pizzonia, anunciou o brasileiro Enrique Bernoldi. O brasileiro disse que preferiu a Champ Car por correr no que mais sabe: Circuitos mistos. Isso torna a Champ Car atrativa para pilotos que sairam das escolas européias ou da F1 e escolheram os EUA para tocarem suas carreiras. E a Conquest fechou com o francês Franck Perera. A Forsythe fechou com o ex-piloto de F1 Franck Montagny para ser o companheiro de equipe do interminável Paul Tracy. Justin Wilson pegou a vaga que era de Sebastian Bourdais na Newman Haas Lanigan. E o único brasileiro do ano passado, Bruno Junqueira, fechou com a Dale Coyne.

Voltando a unificação, se ela fosse bem feita, seria um verdadeiro bálsamo para o open wheel norte-americano. Mas esse tipo de unificação, feita nas coxas e com pressão desnecessária da imprensa, só vai aumentar a massa falimentar. (Mas que quero estar errado e que a unificação seja bem feita, ah, como quero.)

Boa leitura e até a próxima,

Gucesar

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