domingo, 6 de abril de 2008

[Acervo de Colunas] O filme de horror no open wheel americano

Coluna do Gucesar: O filme de horror no open wheel americano
Fórum Tabelando - 02/03/2007 - 12:05

Os que pensavam que iria falar sobre os testes na Fórmula 1, infelizmente se enganaram. Dessa vez, a coluna tratará de um assunto complicado: O filme de horror que virou o Open Wheel (Monopostos) americano.


Jacques Villeneuve e seu Reynard-Ford-Goodyear campeão da Indy 500 de 1995: A última Indy 500 verdadeira. Bons tempos ...

Para começar, precisamos ir ao longíquo ano de 1996. Mais precisamente no dia 26 de maio, onde tudo começou. Na época, a Champ Car World Series e a Indy Racing League eram uma só: A IndyCar Series. A categoria vivia o auge: Repleta de pilotos talentosos, como Jimmy Vasser, Émerson Fittipaldi, Al Unser Jr., Bobby Rahal e Michael Andretti, por exemplo, os motores mais potentes que os Fórmula 1, devido a batalha entre montadoras como Ford, Honda, Mercedes Benz (Ela mandava os motores Ilmor). Nesse mesmo ano, a IndyCar havia chegado ao Brasil, numa prova vencida pelo piloto André Ribeiro, pela Tasman (Lola-Honda-Firestone). Estava tomando o lugar da Fórmula 1, num hiato causado pela morte de Ayrton Senna e com poucos talentos. Mas Tony George, dono do Inidanapolis Motor Speedway, estava ficando com inveja por causa que a Indy 500 cada vez perdia importância. Tanto que ele criou a IRL, categoria dissendente, e levou consigo a Indy 500 e o nome Indy. As 2 corridas foram um fiasco: A corrida em Michigan (US 500) foi marcada por um acidente incrível e a Indy 500, bem, foi disputada por carros bem piores que os Champ Cars da época e com pilotos como Elizeo Salazar (Sim, esse mesmo). Em 97, a maioria dos pilotos decidiu ficar na Champ Car, na época chamada de CART (Championship Auto Racing Teams) enquanto a IRL vivia na obscuridade. Mas um evento ia mudar tudo:


Maurício Gugelmin bate forte o Reynard-Toyota-Firestone da PacWest na curva 2 do Texas Motor Speedway: O começo da queda ...

Em 2000, o inglês Andrew Craig, que havia tornado a CART forte no cenário mundial, sofreu uma demissão por interesses obscuros. No lugar dele, o ex-piloto e atual chefe de equipe da Rahal-Letterman Bobby Rahal assumiu o lugar interinamente. Ele montou o calendário de 2001 com provas no México (Monterrey), Europa (Lauzits na Alemanha e Rocikngham na Inglaterra) e 1 prova no oval do Texas Motor Speedway, a época era reduto da Nascar e IRL. Um teste do sueco Kenny Brack no TMS, o circuito foi aprovado e o evento estava confirmado como a "Firestone Firehawk 600 present by Pionner". Durante os treinos, Maurício Gugelmin sofreu um acidente seríssimo, sendo socorrido pela equipe médica da CART/Champ Car. Ele alegou uma estranha tontura na curva 2. Vários pilotos também a alegavam. Os médicos logo diagnosticaram o problema: O oval do Texas tinha retas curtas e curvas longas e inclinadas (45% do percuso a inclinação era de 37º. Uma curva tinha quase 43º de inclinação!). Como os carros viravam muito rápido, o sangue do piloto não voltava ao normal. Imaginem o sacríficio do piloto fazer 20 voltas a 250 milhas por hora. Com um grid de 29 carros, um acidente seríssimo seria muito provável. Várias tentativas de fazer a corrida ocorrer foram feitas:

- Mexer na regulagem do turbo dos motores
- Dar bandeira amarela a cada 20 voltas para o sangue voltar ao normal na cabeça do piloto
- Mexer nas asas

Infelizmente, nada funcionou e a CART teve de cancelar a etapa. Vários fãs que foram a corrida fcaram irritados e decepcionados. Em 2001, por insatisfação ao calendário, a Penske saiu, levando o brasileiro Gil de Ferran, campeão dos campeonatos de 2000 e 2001. Em 2002, Green e Chip Ganassi seguriam o mesmo caminho. Fim de 2003, Rahal, Patrick e Fernandez também se foram. Nesse período, vários anunciantes e fãs perderam o interesse, apesar do belo trabalho de Chris Pook para manter a categoria viva. Nessa hora as facetas dos pilotos foram reveladas: Gente como Paul Tracy e Jimmy Vasser permaneçeram fieis a categoria que os fizeram famosos. Já Michael Andretti não hesitou em sair da CC, mesmo sabendo que teria cockpit em qualquer time. No fim de 2003, a etapa de Fontana foi cancelada devido a incendios em florestas próximas. Nesse ano, o grupo CART e a CART faliram. 1 pessoa e 1 grupo se interessaram pelo espólio:

- Tony George, na época presidente da IRL, que queria apenas os contratos de Long Beach, pistas canadenses e mexicanas
- O grupo Open Wheel Racing Series, formado por 3 chefes de equipe: Kevin Kalkoven (PKV), Gerald Forsythe (Forsythe) e Paul Gentizzoli (Rocketsports)

O grupo OWRS vençeu a disputa pelo espólio e manteve a Champ Car viva. Durante o período de derrocada da Champ Car, a IRL viva os 15 minutos de fama. Porém em 2006 a categoria caiu: A morte de Paul Dana, a falta de público, os vários carros destruídos em ovais estão fazendo Tony George acabar com a identidade da IRL, colocando mais provas em circuitos mistos. A vilã agora é a Nascar, que têm audiência e qualidade (Segundo os americanos mazoquistas), levando todos os patrocinadores para lá. Infelizmente, esse ano, as 2 categorias vivem um filme de horror: A CC ainda não têm o grid definido, com várias equipes com problemas financeiros. A IRL vive o dilema de apostar em um mercado dominado por outra categoria. Se nada for feito, o open wheel americano tende a virar algo insignificante e sumir. Pode ser que algum milagre ocorra e a Nascar perca prestígio, fãs, equipes e patrocinadores, mas no cenário atual é rezar e torcer por um milagre. O importante é não perder a fé. Se a Champ Car com o novo Panoz DP01 virar um sucesso para concorrer contra a Nascar, talvez o Open Wheel americano possa voltar a ser atrativo para possíveis investimentos. Tudo pode começar no dia 8 de abril, quando a Champ Car largar para o Vegas Grand Prix, nas ruas da "capital do jogo".

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